domingo, 31 de maio de 2015

Ondulação

"O luar ondula
fluindo e refluindo
para não acabar a maré cheia
nesta praia onde
imponderável eu me encontre indo
- o pensamento em rumos ignorados
e ao sabor de presságios ...
 
Em breve, à minha volta no areal,
esperanças, de branco, vaporosas,
chorando altos naufrágios
à vista da magia de seus mundos,
com suas lágrimas,
quais enxadas na terra, poderosas,
cavarão sulcos fundos.
 
E elas ali se hão-de enterrar
quando o luar fugir ...
Mas com elas enterrarei os meus insultos
à minha nobre angústia de vibrar,
à minha vã desgraça de sentir!"
 
 
Edmundo de Bettencourt  em "Rede Invisível"

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