"Hoje em dia, as coisas ligadas à temporalidade envelhecem muito mais rapidamente do que antes. Tornam-se instantaneamente em passado e, assim, deixam de captar a atenção. O presente reduz-se a picos de atualidade. Já não dura.
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A causa da contração do presente ou desta duração minguante não se deve, ao contrário do que muitas vezes erradamente se pensa, à aceleração. A ligação entre a perda da duração e a aceleração é muito mais complexa. O tempo precipita-se como uma avalanche porque deixou de encontrar seja o que for que o sustente no interior de si próprio. Cada ponto do presente, entre os quais já não existe qualquer força de atração temporal, faz com que o tempo se desenfreie, com que os processos acelerem sem direção alguma - e é precisamente a falta de qualquer direção que faz com que não possamos falar de aceleração. A aceleração, no sentido estrito, pressupõe caminhos unidirecionais.
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Não é a eterna repetição do mesmo o que dota o tempo de sentido, mas a possibilidade da mudança."
Byung - Chul Han em "O Aroma do Tempo - Um ensaio filosófico sobre a arte da demora"
Relógio D'Água Editores, Fevereiro de 2016
Páginas 17, 18 e 26