segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

"Profano, profano, profano. Profano o tempo, profana a terra, profana a língua, profana a lei. Tempo e terra, língua e lei, sem outro tamanho que não aquele que por si próprios possam produzir. Causa e consequência, circunstância, condição, isso que a si mesmo, e contra a estrita ideia de civilização, se pesa, se mede e se diz. Contra a civilização, contra a culpa, contra a língua, contra a lei. Contra a proibição inscrita na carne como coisa congénita."

H.G. Cancela  em "Impunidade"

domingo, 7 de janeiro de 2018

quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Não Sejas Arrogante em Demasia

"Não sejas arrogante em demasia.
Só o quanto baste
para que te odeiem e maltratem,
te invejem e façam esperas.
 
Mas a muita modéstia também pode ferir
de morte qualquer poeta,
quanto mais a ti, poeta escasso.
 
Aceita pois os louvores que te derem.
Podem ser desleais, mas mesmo assim são sempre
um revulsivo eficaz contra os nefastos
ingurgitamentos da modéstia.
 
De resto (citando deus) uma vez por outra,
quem não gosta de ser glorificado?"


A.M. Pires Cabral  em "Cobra-D' Água"

Balanço Literário de 2017

2017 ... 94 livros num total de 19.084 páginas lidas.

Curiosidade: média de 203 páginas por livro.
 

 
E os 10 livros que mais gostei de ler em 2017 foram:

- "A Palavra do Mudo" de Julio Ramón Ribeyro
- "A Viagem Possível - Poesia (1965-1992) de Emanuel Félix
- "Alguns poemas" de Francis Ponge
- "Andam Faunos pelos Bosques" de Aquilino Ribeiro
- "Contos Carnívoros" de Bernard Quiriny
- "Folhas de Erva" de Walt Whitman
- "O Bom Aprendiz" de Iris Murdoch
- "O Mar, O Mar" de Iris Murdoch
- "Onze Histórias de Solidão" de Richard Yates
- "Poemas de Wang Wei" com tradução, prefácio e notas de António Graça de Abreu

segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

"Para o poeta não há factos contrários; não há mentira, não há erro. Todos os poemas são o contrário da mentira e do erro: aquilo que pode não ser explicável mas que acontece no mundo.
(...)
O facto do poema é um facto fátuo, um facto muito mais próximo da própria existência humana. Não é que a lógica seja de todo arrancada, o poema é acompanhado pela sua sombra. Pois, o verso é a sombra da palavra, um prego no coração da memória. A metafísica tenta elevar o homem a uma pura espiritualidade, a moral esforça-se por impedir o romance entre o homem e a natureza; e a poesia mostra o bem da metafísica, o mal necessário da moral e cai apaixonadamente nos braços da natureza."

Paulo José Miranda  em "Um prego no coração"

Ellen & The Escapades - Run


"Alguém descrevera Deus como um fervilhar nas trevas, o vasto fervilhar sombrio do ser que está perpetuamente a recriar-se. Algo que Keats vira também. O Cristo místico a caminhar sobre as ondas fervilhantes. Cristo no Limbo. Anjos a abraçar pecadores arrependidos num quadro de Botticelli."

Iris Murdoch  em "O Bom Aprendiz"