segunda-feira, 5 de outubro de 2020

 

"Quando se meditou muito sobre o homem, por ofício ou vocação, acontece-nos sentirmos nostalgia dos primatas. Esses, ao menos, não têm segundas intenções."


"Não amaremos talvez insuficientemente a vida? Já notou que só a morte desperta os nossos sentimentos? (...) Mas sabe porque somos sempre mais justos e mais generosos para com os mortos? A razão é simples! Para com eles, já não há deveres. Deixam-nos livres ... Se algo nos impusessem, seria a memória, e nós temos a memória curta."

"É assim o homem, caro senhor, tem duas faces: não pode amar sem se amar."

"Já não dizemos, como nos tempos ingénuos: «Eu penso assim. Quais são as suas objecções?» (...) Substituímos o diálogo pelo comunicado."

"Notou já que há pessoas cuja religião consiste em perdoar todas as ofensas e que efectivamente as perdoam, mas nunca as esquecem?"

"Não nos perdoam a nossa felicidade nem os nossos êxitos senão no caso de consentirmos generosamente em reparti-los. Mas para se ser feliz é preciso não nos ocuparmos muito dos outros."

"Gosto dos cães com uma muito velha e fiel ternura. Gosto deles porque perdoam sempre."


"A Queda" de Albert Camus
Editora Livros do Brasil, 2013
Páginas 8, 28, 29, 37, 40, 63 e 95


"A noite é semelhante ao nome que te dou."



"Quando uma noite me disseste que
eu era um perdido
porque somente sonhava com as folhas
do outono e o tumulto das vozes
de tempos esquecidos e um eco me levava
a abandonados sentidos, a sombrios quartos e
a um mar de ruínas
então percebi o coração de um errante
que não pode malquerer e vai
depois de caminhar tantos dias sem que
vislumbre sequer uma sombra de árvore, vai
náufrago
verso ferido de amor."


"Lua cheia de agosto. Permanece ainda, um
pouco mais somente junto de mim e
partirei para além, para a cinza
do meu corpo
sobre o mar partirei secreto e feliz - se
a tua mão fechar os meus olhos."



"Antologia Dos Poemas" de João Miguel Fernandes Jorge
Relógio D' Água, Outubro de 2019
Páginas 61, 106 e 165

"A Nação Das Plantas" de Stefano Mancuso


"As plantas podem ajudar-nos. Somente elas são capazes de repor a concentração de CO2 em níveis inofensivos. As nossas cidades, ao abrigarem 50% da população mundial (70% em 2050), são igualmente os lugares do planeta responsáveis pela produção das maiores quantidades de CO2. Deveriam estar completamente cobertas de plantas. Não unicamente nos espaços designados: parques, jardins, alamedas, canteiros, etc, mas em todo o lado, literalmente: nos telhados, nas fachadas dos prédios, ao longo das ruas, nos terraços, varandas, chaminés, semáforos, divisórias das estradas, etc. A regra deveria ser unicamente uma e simples: onde quer que seja possível fazer crescer uma planta deveria haver uma. Os custos seriam irrelevantes, a vida das pessoas melhoraria de muitas maneiras, não exigiria nenhuma revolução nos nossos hábitos, como muitas das soluções alternativas propostas, e teria um grande impacto na absorção de dióxido de carbono. Defendamos as florestas e cubramos de plantas as nossas cidades ... O resto não tardará a acontecer."



"A Nação Das Plantas" de Stefano Mancuso
Editora Pergaminho
1ª edição, Fevereiro de 2020
Páginas 94 e 95