"Quando se meditou muito sobre o homem, por ofício ou vocação, acontece-nos sentirmos nostalgia dos primatas. Esses, ao menos, não têm segundas intenções."
"Não amaremos talvez insuficientemente a vida? Já notou que só a morte desperta os nossos sentimentos? (...) Mas sabe porque somos sempre mais justos e mais generosos para com os mortos? A razão é simples! Para com eles, já não há deveres. Deixam-nos livres ... Se algo nos impusessem, seria a memória, e nós temos a memória curta."
"É assim o homem, caro senhor, tem duas faces: não pode amar sem se amar."
"Já não dizemos, como nos tempos ingénuos: «Eu penso assim. Quais são as suas objecções?» (...) Substituímos o diálogo pelo comunicado."
"Notou já que há pessoas cuja religião consiste em perdoar todas as ofensas e que efectivamente as perdoam, mas nunca as esquecem?"
"Não nos perdoam a nossa felicidade nem os nossos êxitos senão no caso de consentirmos generosamente em reparti-los. Mas para se ser feliz é preciso não nos ocuparmos muito dos outros."
"Gosto dos cães com uma muito velha e fiel ternura. Gosto deles porque perdoam sempre."
"A Queda" de Albert Camus
Editora Livros do Brasil, 2013
Páginas 8, 28, 29, 37, 40, 63 e 95