"Depois da chuva, o fumo dos borralhos enlaça o bosque,
na panela, legumes cozidos, no fogo, milho assado.
Nos campos, a leste, os homens esperam a merenda.
Sobre o arrozal imenso, uma garça voa,
na sombra fresca da floresta, um verdelhão canta.
Procuro a quietude no alto da montanha,
como vegetais, olho os hibiscos da manhã *,
vou colher girassóis cobertos de geada.
Humilde, sou agora igual ao velho camponês.
Porque duvidam ainda de mim as gaivotas ** ?"
*Os hibiscos que murcham um dia depois de desabrocharem, simbolizam a transitoriedade da existência humana.
**As gaivotas, sempre associadas ao prazer da liberdade, não receiam os xian, os imortais, mas abominam os homens vulgares.
"Poemas de Wang Wei" com tradução, prefácio e notas de António Graça de Abreu
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