quinta-feira, 26 de outubro de 2017
quarta-feira, 25 de outubro de 2017
domingo, 22 de outubro de 2017
"Isto filhos, a poesia e a cozinha são irmãs" (XVII)
Salada de quinoa com cogumelos e romã. Almôndegas de grão e coco em creme de rosas e rebentos de soja. Batata assada no forno. 💗😋😋💗
Paradigma
"Hoje, de manhã, lavei a cara
com quatro sabonetes diferentes.
Cada um cheirava a uma estação do ano
e cada um prometia uma sensação nova,
uma mudança radical na nossa pele.
À noite vi-me ao espelho:
a minha cara era a mesma de sempre."
Paulo Assim em "Celulose"
quarta-feira, 18 de outubro de 2017
terça-feira, 17 de outubro de 2017
A Máscara
"Um homem com uma máscara de gás na cara.
O rosto disforme. Como se fosse um monstro.
Ele faz depois os gestos de um chimpanzé. Põe as
mãos curvadas e simula os pequenos saltos e
movimentos do chimpanzé.
O plano abre-se. Vemos para quem ele está
a fazer aquilo. É para uma mulher. Uma mulher
muito velha. Moribunda; ligada a várias máquinas
e com soro a entrar no braço. Mesmo assim,
a velha mulher sorri, primeiro; depois ri, ri muito,
não consegue parar de rir. Só a vemos a rir, como
se tivesse perdido o controlo."
Gonçalo M. Tavares em "Short Movies"
domingo, 15 de outubro de 2017
sábado, 14 de outubro de 2017
Proema
"Às vezes, a poesia é a vertigem dos corpos e a
vertigem da sorte e a vertigem da morte;
o passeio, de olhos cerrados, à borda do
despenhadeiro
e a verbena nos jardins submarinos;
o riso que incendeia preceitos e santos
mandamentos;
a descida das palavras paraquedadas sobre os
areais da página;
o desespero que embarca num barco de papel e
atravessa,
durante quarenta noites e quarenta dias, o mar da
angústia nocturna e o pedregal da angústia diurna;
a idolatria do eu e a execração do eu e a
dissipação do eu;
o degolar dos epítetos, o enterro dos espelhos;
a compilação dos pronomes acabados de cortar no
jardim de Epicuro e no de Netzahualcoyotl;
o solo da flauta no terraço da memória e o baile
de chamas na cave do pensamento;
as migrações de miríades de verbos, asas e garras,
sementes e mãos;
os substantivos ósseos e cheios de raízes, plantados
nas ondulações da linguagem;
o amor do nunca visto e o amor do nunca ouvido
e o amor do nunca dito: o amor do amor.
Sílabas sementes"
Octavio Paz em "Árvore Adentro"
quinta-feira, 12 de outubro de 2017
Três Sonhos
"Vi-me num sonho de folhas caindo,
De lagos escuros num bosque perdido,
De tristes palavras ecoando -
Mas não sabia entender-lhes o sentido.
Vi-me num sonho de estrelas caindo,
De preces chorosas num olhar ferido,
De um sorriso que vinha ecoando -
Mas não sabia entender-lhes o sentido.
Como estrela caindo, folha tombando,
Assim me via num vai-vem perdido,
Eternamente esse sonho ecoando -
Mas não sabia entender-lhe o sentido."
Georg Trakl em "Outono Transfigurado"
Georg Trakl em "Outono Transfigurado"
domingo, 8 de outubro de 2017
Liberdade
"A minha estranha forma de ser livre!
Sei que o sou, por direito e vocação,
E sinto-me por vezes algemada
Apenas por ter alma e coração."
Soledade Summavielle em "Movimento de Asas"
sexta-feira, 6 de outubro de 2017
As maçãs
"Dantes as macieiras davam maçãs,
que eram guardadas em toalhas de linho.
E só haviam umas que eram melhores,
que eram as do quintal do vizinho!
Agora só há maçãs «golding» ou «starking»,
agora só há maçãs «normalizadas».
E eu não me admiro que, em vez de redondas,
um dia destes passem a ser quadradas!"
Jorge Sousa Braga em "Herbário"
Jorge Sousa Braga em "Herbário"
segunda-feira, 2 de outubro de 2017
domingo, 1 de outubro de 2017
"Isto filhos, a poesia e a cozinha são irmãs" (XVI)
Cesto grego de estufado de feijoca e coentros a perfumar. Batata parisiense assada com ervas em cama de couve roxa. Caviar de beringelas, cogumelos e alho-francês. 💗😋😋💗
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