"A investigação cerebral fala-nos de três tipos de empatia. A empatia cognitiva permite-nos compreender como a outra pessoa pensa; vemos a sua perspectiva. Na empatia emocional, sentimos aquilo que o outro está a sentir. E a terceira, a preocupação empática ou cuidado, reside no âmago da compaixão.
A palavra empathy entrou na língua inglesa apenas nos primeiros anos do século XX, como tradução da palavra alemã Einfühlung, que poderá ser traduzida por «sentir com». A empatia puramente cognitiva não inclui tais sentimentos de simpatia, ao passo que o sinal definidor da empatia emocional é sentirmos no nosso corpo aquilo que a pessoa em sofrimento está a sentir.
Mas, quando aquilo que estamos a sentir nos perturba, muitas vezes a nossa reacção seguinte é desligarmo-nos, o que nos ajuda a sentirmo-nos melhor, mas bloqueia a acção compassiva. No laboratório, uma das formas pelas quais este instinto de recuo surge é nas pessoas que desviam o olhar das fotografias que retratam sofrimento intenso - como um homem tão dolorosamente queimado que a sua pele se despegou. De modo semelhante, os sem-abrigo queixam-se de que se tornam invisíveis - aqueles que passam na rua ignoram-nos, o que é uma outra forma de desviar o olhar do sofrimento.
Uma vez que a compaixão começa pela aceitação do que está a acontecer ao outro sem nos desviarmos - um primeiro passo essencial no sentido de realizar uma acção que auxilie -, poderão as meditações que cultivam a compaixão contribuir para isso?"
"Traços Alterados" de Daniel Goleman e Richard J. Davidson
Temas e Debates
1ª edição, Fevereiro de 2018
Página 126
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