"Note-se que não estou a dizer que não existem diferenças entre o cérebro feminino e o masculino; pelo contrário, a minha equipa documentou muitas dessas diferenças, tal como outros cientistas. O que estou a argumentar é que tais diferenças se misturam em cada cérebro para criar um mosaico único de características, algumas das quais são mais comuns nas mulheres e outras mais comuns nos homens. Essa ideia anda de mãos dadas com aquilo que muitas pessoas já sabem, estou certa disso: que somos uma manta de retalhos de traços «femininos» e «masculinos». Contudo vai mais longe: sugere que um cérebro «masculino» ou «feminino» - ou uma natureza «masculina» ou «feminina» - é algo que não existe.
(...)
... «os homens e as mulheres não exibem todos os atributos, interesses, atitudes, papéis e comportamentos esperados do seu sexo de acordo com os estereótipos descritivos e prescritivos da sua sociedade, mas apenas alguns deles. Também poderão exibir algumas das características e comportamentos associados ao outro sexo.
A observação recorrente de que os seres humanos são mosaicos de características femininas e masculinas estereotipadas torna o conceito de natureza feminina e masculina tão desprovido de sentido quanto o de cérebro feminino e masculino."
(...)
" ... muitas vezes homens e mulheres agem de maneira diferente no mesmo contexto, não porque divergem biológica ou psicologicamente, mas apenas por pertencerem a um género ou a outro. As nossas próprias expectativas enquanto mulheres ou homens, bem como as expectativas dos outros, «generificam» o nosso comportamento, mesmo quando não estamos conscientes dessas expectativas."
"Cérebro e Género" de Daphna Joel e Luba Vikhanski
Temas e Debates
1ª edição, Março de 2020
Páginas 14, 99, 102 e 103
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