"Há homens com quem se pode aprender a ver aquilo que dentro de nós existe e não sabíamos.
Reconhecêmo-los pelo olhar. Quando se aproximam, a noite reflecte-se clara nos seus rostos. Têm gestos lentos, precisos, como os dos deuses marinhos que habitaram, além, no mar rente à ilha.
Às vezes, quando à hora do calor durmo debaixo duma árvore, aparecem-me em sonhos. Contam que são homens sempre de passagem. Não pertencem a lugar nenhum e, raramente, pernoitam duas vezes de seguida no mesmo sítio. São homens errantes, muito antigos. Deslocam-se como se fossem sombras. Transportam no coração a euforia de quem viaja."
Al Berto em "O Guardador da Ilha"
Sem comentários:
Enviar um comentário