domingo, 27 de julho de 2014

 
"(Há momentos em que parto para não sei onde. Navegação espiritual. Ou dispersão na terra abstracta, a única que se vê quando não se vê. São as grandes caçadas dentro de mim mesmo, a busca da magia perdida, uma palavra cintilante, uma perdiz imaginária, um sopro, um ritmo, uma espécie de bafo. Como o teu. Às vezes sinto-o, outras não. Mas sei que estás aí, algures, enroscado na minha própria solidão.)"
 
 
"(Sim, cão, eu sei que é difícil, não só para ti mas para aqueles de quem mais gosto, não posso fazer nada, não estou a ouvir ou estou a ouvir outras vozes, estou e não estou, mas é por isso que te pressinto e sei que estás aí, se não fosse como sou já tinhas morrido completamente.)"
 
 
Manuel Alegre  em "Cão Como Nós"

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