segunda-feira, 27 de julho de 2015

Ilha dos Abençoados

"Ilha dos Abençoados, com cerca de 800 quilómetros de comprimento, no Oceano Atlântico. Terra de um povo que se veste de cor púrpura com belas teias de aranha.
(...)
A ilha é comprida e plana, governada por Radamantus, natural de Creta. A capital da ilha, também chamada Abençoada, foi construída em ouro com muralhas de esmeralda. Tem sete portas fabricadas a partir de uma única peça de canela, e as estradas que atravessam a cidade são de marfim. Há templos a todo o tipo de deuses, feitos de berilo e contendo altares elevados de ametista (...). Em torno da cidade corre um rio de um perfume requintado, com 15 metros de profundidade e facilmente navegável, sete rios de leite e oito de vinho, e há fontes de água, mel e perfume. Os banhos públicos da cidade são grandes edifícios de cristal, aquecidos com canela; as banheiras contêm água e orvalho quente.
Os viajantes não encontrarão na Ilha dos Abençoados a escuridão da noite ou a luz do dia a que estão habituados. A ilha está permanentemente imersa na penumbra, como se o sol ainda não tivesse nascido. Aqui é sempre Primavera e só sopra um vento, o zéfiro. O país é rico em todo o tipo de flores e todo o tipo de plantas; as videiras produzem cachos de uvas 12 vezes por ano; as macieiras, as romãzeiras e outras árvores dão frutos 13 vezes por ano, porque no mês de Minossa produzem duas vezes. O trigo produz não só feixes já prontos, mas também belíssimos pães, que crescem nas extremidades da planta como cogumelos."

Luciano de Samósata, História Verdadeira, séc II

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