"Podia ser perfeitamente verdade que não há um sentido profundo nas coisas, que nada, nem ninguém, possui verdadeira dignidade ou mérito, que o mundo é apenas confusão, um escombro e um sonho, mas não seria um embuste supremo fazer com que esta ausência de sentido parecesse constituir a própria essência do nosso ser? Podia ser um artista muito medíocre, mas possuía a capacidade que estes têm para enganar. Decerto seria melhor viver como as pessoas comuns e espertas, com malícia, dor e sexo, encontrando por fim tais coisas no pináculo do próprio espírito. Decerto seria melhor recorrer à santidade do sofrimento e consentir em baptizar (como «amor», por exemplo) as fundações do nosso ser em vez de procurar desfazer desta forma extrema uma essência natural."
Iris Murdoch em "A Máquina Do Amor Sagrado E Profano"
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