"No amor, ao mesmo tempo que nos revelamos a nós mesmos, é um outro que nos é dado com a sua história, as suas possibilidades, o seu universo. Isso é-nos sempre oferecido envolto em mistério, o outro é-nos sempre simultaneamente próximo e estranho, senão já não seria outro. Observamos o nosso amante, sentimo-lo como uma evidência, quase como uma extensão de nós mesmos, e no entanto perguntamo-nos o que pensará ele, o que sentirá, quem é ele, no fundo. Mas, seja o que for esta presença, que não diz tudo a respeito de si própria e se mantém como algo de estranho, há nisso uma dádiva. «Nesse destino um outro ser humano vos é confiado.» E, se a presença do outro irrompe subitamente na nossa vida, «não está ao nosso alcance nem dentro das nossas capacidades reter-lhe o fluxo».
Aude Lancelin e Marie Lemonnier em "Os Filósofos e o Amor"
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