terça-feira, 8 de novembro de 2022

"A Montanha Viva" de Nan Shepherd (XI)

 
"Cada um dos sentidos é uma forma de entrar naquilo que a montanha tem para dar. O paladar pode saborear as bagas silvestres, o arando, o «mirtilo selvagem» e, a mais subtil e doce de todas, a amora-branca silvestre, ou cloudberry, um nome que, por si só, é um sonho. Essa sumarenta esfera de ouro derrete-se de encontro à língua, mas quem é que é capaz de descrever o sabor? A língua não o pode devolver. É preciso encontrar as bagas, douradas quando maduras, para conhecer o seu sabor.
O mesmo acontece com os aromas. Todas as aromáticas e inebriantes fragrâncias - o pinheiro e a bétula, o mirto dos lodaçais, o intenso zimbro, a urze e as orquídeas com cheiro de mel, e o limpo aroma do tomilho selvagem - não significam absolutamente nada em palavras. Existem para serem cheiradas."



Nan Shepherd em "A Montanha Viva"
Edições 70, Abril de 2022
Página 167

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