sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

"Como noutros tempos dispunha as cartas do Tarot (eram sempre as mesmas, o Louco, a Papisa, a Morte, a Lua) agora escrevia versos soltos no caderno branco tentando ler nas palavras obscuros sinais.
«God knows I know the faces I shall see.»
Era uma frase terrível, por vezes acordava com ela nos lábios e uma sensação de medo difícil de definir.
«I do not know what it is about you that closes and opens ...»
Esta era mais como uma canção, apetecia-lhe cantá-la baixinho quando passeava pelas ruas da cidade próxima ou pelos bosques que rodeavam a quinta.
Levantou-se da secretária e meteu o caderno na gaveta. O caderno que abria de vez em quando com a esperança de que surgisse uma história ...
Talvez não voltasse a escrever."
 
Ana Teresa Pereira em "A Coisa Que Eu Sou"

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