"Por nascimento ou por conquista, o poder e a propriedade são sempre arbitrários. Encontrar causas não é reconhecer legitimidade, tal como conhecer a lei não é obedecer-lhe. Fundada na força, na memória ou na fé, a proibição não delimita mais do que o espaço da própria infracção. Condiciona o conflito, não o resolve. É o traço comum ao livro, à lei e à transgressão. Dizer que não, primeiro, por hábito ou por estratégia, continuar depois, já sem critério nem objectivo, demarcando na língua um estado negativo, o necessário apenas para impor a ordem ou prolongar as proibições, e obedecendo tanto ao propósito de modelação do mundo quanto a um desejo de ocupação do espaço e da consciência."
H.G. Cancela em "Impunidade"
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