Deixa ficar no torriscado solo
A tua sombra derramada,
Mas ergue-te bem alto
No pedestal do teu silêncio ...
Entrança os teus ramos à volta do meu colo
E leva-me lá acima ... Quero ver ao longe!
Do varandim da tua ramagem calmante,
Quero ver bosques e curvas de estrada ...
Quero ver longe ... porque ver distante
É esperar alguma coisa!
Ergue-te bem acima, árvore pesada,
Bem alto! que eu não ouça mais passos humanos,
Mas só as folhas caminhando na água,
E a água a caminhar nos musgos,
Até aos rios e ao oceanos ..."
"Na Curva Escura dos Cardos do Tempo" de Leonor de Almeida
Ponto de Fuga
1ª edição, Agosto de 2020
Página 110