"Como tema de inspiração, Sintra tem passado no horizonte sentimental de quase todos os grandes poetas, não só nossos, mas também estranhos que junto dela algum dia vieram beber o filtro do encantamento.
Aqui cantou Bernardim saudades dialogadas com a voz dos rouxinóis e Camões teceu o oiro precioso de algumas das suas líricas em horas que foram talvez das mais felizes na inquieta existência do grande poeta. Aqui coordenou Luiza Sigêa, a musa renascentista dos serões da Infanta, as estrofes latinas do seu poema dedicado ao papa Paulo III. Por aqui vagueou a musa romântica de Byron, absorvendo no encanto da paisagem a doçura lírica que no «Child Harold» temperou um pouco o veneno subtil do seu satanismo perverso. Garrett aqui desferiu também alguns dos mais harmoniosos acordes da sua lira, celebrando no «Camões» estas paragens que a lenda diz serem a misteriosa habitação da lua."
"Roteiro Lírico de Sintra" de Oliva Guerra
Escola Tipográfica das Oficinas de S. José de Lisboa, 1940
Páginas 09 e 10
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