quarta-feira, 26 de maio de 2021

 
"Como tema de inspiração, Sintra tem passado no horizonte sentimental de quase todos os grandes poetas, não só nossos, mas também estranhos que junto dela algum dia vieram beber o filtro do encantamento.
Aqui cantou Bernardim saudades dialogadas com a voz dos rouxinóis e Camões teceu o oiro precioso de algumas das suas líricas em horas que foram talvez das mais felizes na inquieta existência do grande poeta. Aqui coordenou Luiza Sigêa, a musa renascentista dos serões da Infanta, as estrofes latinas do seu poema dedicado ao papa Paulo III. Por aqui vagueou a musa romântica de Byron, absorvendo no encanto da paisagem a doçura lírica que no «Child Harold» temperou um pouco o veneno subtil do seu satanismo perverso. Garrett aqui desferiu também alguns dos mais harmoniosos acordes da sua lira, celebrando no «Camões» estas paragens que a lenda diz serem a misteriosa habitação da lua."



"Roteiro Lírico de Sintra" de Oliva Guerra
Escola Tipográfica das Oficinas de S. José de Lisboa, 1940
Páginas 09 e 10

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