Aqui o silêncio -
somente a voz da cigarra
penetra os rochedos.
Sou só o que toma
o pequeno-almoço olhando -
esplendor da manhã.
Sob o mesmo tecto,
dormem com as prostitutas
o trevo e a lua.
Caminham os grous
no começo da primavera,
fiéis à natureza.
Que belo que é
não pensar ao ver um raio:
«A vida é fugaz».
YOSA BUSON
As flores de colza -
com o sol a ocidente,
lua a oriente.
Um templo no monte;
o som do sino a tocar
perde-se na névoa.
Vagarosos dias
passam. Que distantes ficam
as coisas passadas!
ISSA KOBAYASHI
Meu eremitério -
tem por tecto e cobertura
o esplendor da manhã.
Durmo a minha sesta,
fazendo a água do monte
lavar o arroz.
SHIKI
Que dia tão longo -
o barco vai conservando
com a praia ao lado.
Por entre a verdura
uma flor branca floresce -
não lhe sei o nome.
Nuvens ondeantes -
amontoadas ao sul,
barcos, brancas velas.
Ninguém usa o machado
onde as árvores são mais densas -
um duende as habita.
"Imagens Orientais / Imagens Acidentais" de Luísa Freire
Assírio & Alvim, Novembro de 2003
Sem comentários:
Enviar um comentário