segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

"Um Falcão No Punho" de Maria Gabriela Llansol (I)

 
"Tal como sou acompanhada pelos lagos ____ águas adormecidas naturais e duráveis ____, de igual modo deve fazer parte da sombra, que se desloca comigo, inscrever os dias estendidos por longo período de tempo.
(...)
Se geralmente os meses começam com a lua nova, ela atravessa épocas em que não tem outro sonho senão o de conhecer, e todos os livros, limites e indícios da vida quotidiana lhe parecem pequenos microcosmos justapostos com o mesmo fim, ou a mesma origem."


"Falamos do pendor conceptual de certas árvores pois cremos que há árvores que agem mentalmente."


"E o sinal de que a madrugada está a passar, decompondo-se nos seus elementos e vestígios."


"Reparo que, ao fundo, a árvore é um livro que distribuiu as folhas pelos ramos de modo que nenhuma escape ao Sol; há um tal fulgor no sol que desce, e se esconde, que dificilmente posso concentrar-me sempre no mesmo lugar verde. A distância é o meu percurso, e na globalidade do céu receio não descobrir viagem por mar que me oriente."


"... se sou, por natureza, um nómada, por que planto árvores e arbustos mal chego a um lugar, e depois desejo levantá-los do jardim, para levar comigo quem tem raízes?"




"Um Falcão No Punho" de Maria Gabriela Llansol
Relógio D´Água Editores
2ª edição, Março de 1998
Páginas 07, 39, 45, 46, 52 e 105

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