" __________ a primeira imagem do Diário não é, para mim, o repouso na vida quotidiana, mas uma constelação de imagens, caminhando todas as constelações umas sobre as outras. Qualquer aprendiz imagético, quando sobe ao meu quarto e atravessa o meu escritório, tem o sentimento de que «um belo lixo de imagens se criou aqui». Se for menos inocente dirá: «que belo luxo de imagens». Eu diria: aqui está a raiz de qualquer livro."
"Observar é o primeiro modo de escrever; o primeiro entre outros igualmente principais."
"nuvens luminosas que atravessam a água e a areia ___________
«implantarei rios no meio da solidão»
"Cada estação é um rumor simbólico do tempo."
"O tempo deixou de ser linear, é uma estrela."
" ... o texto habita em qualquer morada."
" ... se escrevo é para exprimir quanto um livro é secundário no espaço dos interesses pouco fundos do comércio da literatura. Refiro-me ao comércio dos escritores, e dos que os acompanham constantemente para os empobrecer da consciência da escrita. Há uma desordem de valores, e uma perda de perspectiva; um verdadeiro texto principia por ser um interesse particular que repete um acto universal. Infelizmente, na literatura portuguesa contemporânea quase não há interesses particulares. Limpa dos ramos da adulação, e das perspectivas monetárias e que dão prestígio, tornou-se um tronco seco e nu; de quem escreve para quem lê, sustentado por mil nadas que enganam - o que falta é precisamente o texto."
"A Palavra Imediata - Livro de Horas IV" de Maria Gabriela Llansol
Assírio & Alvim
1ª edição, Setembro de 2014
Páginas 10, 13, 14, 152, 158, 162 e 220
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