tão próxima do que ninguém diz
mas se por ela passa
alguém que a olha
pode sentir que nada mais existe
do que esse frémito do eterno"
"O que escrevo por vezes
é como se um corpo de sombra
no meu corpo abrisse
o espaço de um silêncio
um espaço intacto e puro"
"Corpo
que avanças sempre
entre as tuas sombras
se tu respiras
é porque chamas
a tua própria luz
suspensa desse lábio
que bebe a tua sombra"
"Tudo o que queres
a densidade
a duração
o equilíbrio
como se de ti dependesse
como se as coisas esperassem
a luz da tua sombra"
António Ramos Rosa em "A Intacta Ferida"
Relógio D´Água, 1991
Páginas 22, 51, 53 e 83
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