Quartos de mansarda têm tectos baixos
Inclinados como o meu pensamento
E neles ouvem-se bem as tempestades
Ficam no último andar de hotéis antigos
E graníticos sem varandas para o mar
Quartos de mansarda têm cadeirões
Abandonados e vazios com a forma do teu corpo
Junto a janelas exíguas com cortinas curtas
Quartos de mansarda têm camas por desfazer
Amantes ausentes e noites longas
Ficam mais perto do céu
Com virgens assexuadas
E analfabetos do amor como hóspedes
Dos quartos de mansarda avistam-se
Anjos caídos nos telhados das cidades
Porque perderam as asas.
Texto: Ana Paula Jardim
Fotografia: Paula Abreu Silva
Do projecto de Paulo Kellerman, fotografar palavras, aqui 😊
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