terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Fragilidade

"Da lágrima onde habita essa ausência
tua, o vento do norte íntimo tem
lembrança até ao mar e, com violência,
vira as mesas do bar já sem ninguém.

Fica a angústia como uma presença:
sete anos sem ti, só nestas paragens
de sempre, de ti compuseram épica
de dor pura, sozinha personagem.
 
Uma dor pura com a qual, sorrindo,
um dia hei-de eu até morrer de pena.
Muito tempo tentei imaginar
 
que estavas só longe. Volto a tentar.
Tomo um café, e vou polindo o sonho
como o vento o enorme azul do mar."

Joan Margarit  em "Misteriosament Feliç" (2008)

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