"Tenho pena de todos aqueles
que não podem sair do mesmo lugar,
São como eu. Mas como em mim viverá neles
o desejo louco de avançar?
Imóvel, quero viver o vento do caminho
os crepúsculos que inebriam, as livres noites de luar,
a vida sem limites, sozinho
ou com quem, por instantes, me quiser acompanhar.
Ó ânsia sempre nova de explorar o mundo!
P'ra te obedecer entrei assim
na minha alma e não lhe encontrei fundo ...
Dizem que o Universo é curvo e lá tem fim.
O meu não tem; ou então é profundo ...
Curiosidade maldita! Perdido seja eu que mergulhei em mim!"
Jorge de Sena em "Post-Scriptum II - 1º volume"
Imprensa Nacional - Casa da Moeda
Página 60
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