sábado, 8 de agosto de 2020

 

"Em 1918/19 (...) esboçava todas as manhãs num bloco um pequeno desenho em círculo, uma mandala, que parecia corresponder à minha situação interior em cada momento. Com base nas imagens, podia observar as transformações psíquicas dia após dia.

(...)
Só pouco a pouco percebi o que é que a mandala é realmente: «Forma, transformação, do eterno espírito eterna animação». E isso é o eu, a totalidade da personalidade que, se tudo estiver bem, é harmónica, mas não suporta auto-ilusões. 
As minhas imagens de mandalas eram criptogramas sobre o estado do meu ego que me eram entregues diariamente. Via como o ego, isto é, a minha totalidade operava. De início, contudo, só conseguia compreender isso vagamente; no entanto, os desenhos já na altura me pareciam extremamente significativos e eu guardava-os como pérolas preciosas. Tinha a sensação nítida de algo central e, com o tempo, adquiri uma noção viva do ego. Parecia-me a mónade que eu sou e que o meu mundo é. A mandala representa esta mónade e corresponde à natureza microcósmica da alma."



"Memórias, Sonhos, Reflexões" de C.G. Jung
Relógio D' Água Editores, Julho de 2019
Páginas 200 e 201

Sem comentários:

Enviar um comentário