assim o tempo nos faz, sem darmos conta,
e às palavras que dizemos simples ecos
de vozes que jamais em nós soaram.
Habita-nos por dentro: esse deserto,
e o vento que nas dunas configura
ora palácios de ouro, ora ruínas,
de alguma caprichosa arquitectura.
Nada é real: nem os palácios, nem as dunas,
nem o vento, o deserto, as suas ruínas,
nem o ouro ou as vozes que se escutam.
Irreais somos nós: feitos de tempo."
"A Ciência das Sombras" de Bernardo Pinto de Almeida
Relógio D'Água Editores, Janeiro de 2018
Página 187
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