Coisas soltas, costumes muito antigos
acompanham-nos os gestos, desde perto,
desenham figuras nas paredes.
A casa sossegou. O vento, veloz,
em cada recanto obscuro faz jazigos
onde se perde o olhar, antes aberto.
Crescem líquenes, raros musgos verdes.
As janelas fecharam-se. Vazio
o quarto. Perguntas por fazer
suspendem-se da voz,
para sempre remetida ao seu silêncio.
Nada pois a temer:
sombras somos nós."
"A Ciência das Sombras" de Bernardo Pinto de Almeida
Relógio D'Água Editores, Janeiro de 2018
Página 127
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