"a areia fria da manhã que cheira
a cardos a maresia
as pegadas disformes
impressas pela multidão rumorosa da véspera
ao fundo o som do mar
os nossos pés miúdos mal
sarados da ferroada de um peixe-aranha
enfiados
nas sandálias de borracha
as dunas rodeando a baía
as primeiras toalhas empoladas pelo vento
as riscas recolhidas dos toldos
a gaivota branca o escaravelho preto
o peixe na lota prateado
em espasmos graves no topo
do balde
a abrir e a fechar a boca num turvo sermão
que ninguém escuta."
Miguel Manso em "Persianas"
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