"dentro de um café na Bastilha
anódino
a uma mesa do fundo bruxuleia a cada quarta
um oráculo
rodeado de respirações
na algibeira de um casaco negro envolto
numa bolsa lilás
incerto baralho blinda um coração
antigo
e na voz preta e branca
de Jung
e nos volumes obscuros em obscuros alfarrabistas
também no logro de burlões
de entre os quais os mais hábeis terão assento
mediático
um baralho de 78 cartas range no precipício
pede sossegos meditações
procura que o enxerguemos através não
da crendice
mas de um persistente estudo
investigações que demoram uma vida
ou mais
e por tão fundo que vão não extinguem
dilatam
como dilata a noção de quem aprende
a cair
são estas cartas aliadas dos meus versos
desde o primeiro fôlego
decifro-as como destapo os vocábulos e soçobro
a cada sílaba
que o desconhecido articula"
Miguel Manso em "Persianas"
Miguel Manso em "Persianas"
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