" ... não era inaudito nem transcendente haver talvez acontecimentos que iam além das categorias limitadoras do tempo, espaço e causalidade. Havia mesmo animais que pressentiam o tempo e os terramotos, sonhos que anunciavam a morte de determinadas pessoas, relógios que paravam no momento da morte, copos que se estilhaçavam no momento crítico, tudo coisas que, no meu mundo de até então, eram evidentes. E agora eu era, aparentemente, o único que alguma vez ouvira falar dessas coisas! Perguntei muito seriamente a mim próprio a que mundo viera afinal parar. Era, manifestamente, o mundo da cidade, que nada sabia do mundo do campo, o mundo real das montanhas, florestas e dos rios, dos animais e dos pensamentos de Deus (isto é: as plantas e os cristais). Achei esta explicação consoladora, de qualquer modo, a princípio, ela reforçou a minha auto-estima; porque tive a perfeita noção de que o mundo da cidade, apesar da quantidade do seu conhecimento erudito, era intelectualmente limitado."
"Memórias, Sonhos, Reflexões" de C.G. Jung
Relógio D' Água Editores, Julho de 2019
Página 114
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