"Com o reino das plantas, a manifestação terrena do mundo divino começava como uma espécie de comunicação directa. Era como se se tivesse espreitado por cima do ombro do Criador, que julgava não estar a ser observado, no momento em que estava a produzir brinquedos ou peças decorativas. Por seu lado, o ser humano e os "verdadeiros" animais eram partes de Deus que se tinham tornado autónomas. Por isso, podiam andar pelo mundo autonomamente e escolher os seus lugares de habitação. Em contrapartida, o mundo das plantas estava preso ao seu sítio acontecesse o que acontecesse. Ele exprimia, não apenas a beleza, mas também as ideias do mundo divino, sem qualquer intenção nem desvio. Em particular as árvores eram misteriosas e pareciam-me representar directamente o sentido incompreensível da vida. Por isso, a floresta era o local em que se sentia com maior proximidade o sentido mais profundo e os efeitos terríveis."
"Memórias, Sonhos, Reflexões" de C.G. Jung
Relógio D' Água Editores, Julho de 2019
Páginas 81 e 82
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