terça-feira, 21 de setembro de 2021

 
"Expõe-se à casa na sua simples aridez nocturna:
sabe que há uma história por inventar em todas as sombras,
sem interlúdios, o desejo é uma oração que se articula
na geografia da pele como um novo continente
de águas subterrâneas. Liturgia de palavras irrepetíveis,
fragmento de um idioma perdido, de mensagens inacabadas:
a emoção dos olhos. A desordem dos acasos, o caos!
Não há melodias, nas paredes ecoam espasmos, a pele vibra
como se esperasse um testamento, uma narração cúmplice:
um calendário de assombros. Sem promessas. Sem estratégias.
Os corpos em estado natural. Sem submissão."



"Ao Rubro" de Luís Filipe Sarmento
Poética Edições, Julho de 2020
Página 795

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