quarta-feira, 10 de julho de 2013

O Jejum

"Quando comeis, o vosso organismo absorve os elementos que lhe são úteis e procura desembaraçar-se daqueles que lhe são estranhos ou nocivos. Mas o organismo nem sempre está em estado de fazer esta descriminação, ou porque o sobrecarregastes, ou porque os alimentos absorvidos contêm demasiadas impurezas. Então, os detritos acumulam-se nos diferentes órgãos e são sobretudo os intestinos que ficam obstruídos.
Mas, mesmo que seja pura, a comida deixa sempre detritos em nós, e por isso é bom jejuar de vez em quando para permitir ao organismo fazer o necessário trabalho de limpeza. Aliás, o jejum é um método que a Natureza nos ensina. Observai os animais: quando estão doentes, iniciam instintivamente um jejum; escondem-se algures, procuram uma erva que os purgue e curam-se.
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Jejuar é um hábito salutar e seria bom que, se as condições o permitirem, cada um jejuasse todas as semanas durante vinte e quatro horas, consagrando-se mais particularmente a um trabalho espiritual: ligar-se às entidades luminosas, escolher música e leituras que possam inspirá-lo, purificar os seus pensamentos e os seus sentimentos.
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Um jejum de vários dias pode igualmente ser benéfico, mas para fazê-lo também é necessário encontrar as condições convenientes. É preferível arranjar as coisas de modo a poder-se fazer o jejum durante as férias, por exemplo, para se estar livre e se poder simplesmente ler, passear, meditar, orar, ouvir música ... Além disso, e dado que quando se jejua é o ar que substitui o alimento, é preferível escolher um local onde seja possível respirar ar puro.
Algumas pessoas constatarão que, quando jejuam, têm dores nas costas, ou palpitações, ou dores de cabeça ... Isso é uma linguagem especial utilizada pela Natureza, e, como essas pessoas não a compreendem, dizem: «Não volto a fazer jejum». É um mau raciocínio. Essas indisposições são avisos da Natureza que vos previne de que mais tarde ou mais cedo ireis sofrer nesses mesmos órgãos onde agora experimentais uma dor. Portanto, se quereis saber quais são os vossos pontos fracos, jejuai durante alguns dias; se algum dos vosso órgãos vos doer, ficai a saber que é aí que a doença pode manifestar-se, e tomai precauções.
Se for praticado convenientemente, o jejum não é perigoso e não pode fazer-nos mal algum. A prova é que as sensações incómodas aparecem sobretudo nos dois primeiros dias, e depois desaparecem. Se essas indisposições fossem causadas pelo jejum, deveriam aumentar; mas, pelo contrário, vós sois invadidos por sensações de paz e de tranquilidade. Jamais alguém morreu por ter jejuado alguns dias de vez em quando, mas já morreram milhões de pessoas por ter comido demasiado!
No princípio, jejuar pode parecer muito custoso porque o organismo acha-se repentinamente perturbado por uma limpeza à qual não estava habituado. Mas não se deve fazer um juízo com base nestes primeiros efeitos para se dizer que é perigoso jejuar. Pelo contrário, as pessoas que têm dores são as que mais precisam de jejuar, pois essas perturbações são provocadas pela superabundância de resíduos lançados subitamente no sangue devido à limpeza que está a processar-se. Muitas pessoas,
para quem só contam as aparências, pensam que se jejuarem vão enfraquecer e ficar com mau aspecto. É possível que ao princípio seja assim, mas alguns dias depois a pessoa restabelece-se e torna-se luzidia, fica com um ar leve e agradável de se ver.
Aqueles que pretendem jejuar devem ter uma visão diferente das coisas. Se se sentirem indispostos, não devem assustar-se, mas continuar até que essa indisposição desapareça. Se interrompem o jejum nessa altura, agem como todos aqueles que, quando têm febre, começam a tomar comprimidos para fazê-la baixar. É claro que se sentem imediatamente melhor, mas ignoram que ao fazer parar a febre desta maneira estão a preparar uma grave doença para o seu futuro.
Deixai o vosso organismo reagir por si mesmo. Quando está obstruído, o organismo reage tentando rejeitar e dissolver todos os detritos, e é por isso que a temperatura sobe. Deve-se suportar essa temperatura; ela é a prova de que está a haver uma limpeza. Para ajudar o organismo no seu trabalho, podeis beber água muito quente, depois de fervida. Bebei sucessivamente várias taças grandes, e a temperatura baixará rapidamente: todos os canais se dilatarão e o sangue poderá circular com facilidade, arrastando as impurezas para as vias naturais e os poros.
Fervei a água durante alguns minutos e depois deixai o calcário depositar-se. Já reparastes, certamente, que quando lavais louça gordurosa com água fria, os pratos não ficam bem lavados. É preciso usar água quente para dissolver as gorduras. O mesmo acontece com o vosso organismo: a água quente dissolve muitos elementos que a água fria deixa intactos; ela arrasta-os depois para o exterior através dos poros, dos rins, etc ... e vós sentis-vos purificados, rejuvenescidos. Podeis mesmo beber água quente todos os dias, em jejum. Como a água quente limpa os canais, ela é também um excelente remédio contra a arteriosclerose e o reumatismo.
Ao princípio, não é muito agradável beber água quente, mas pouco a pouco experimenta-se um tal bem estar ao fazê-lo que isso torna-se um verdadeiro prazer. A água quente é o remédio mais inofensivo e mais natural que existe, mas é talvez por ser demasiado simples e muito barato que as pessoas não o tomam a sério.
(...)
Para terminar, dir-vos-ei algumas palavras acerca da maneira como se deve proceder para interromper um jejum de vários dias, pois deveis saber que se pode morrer se se recomeçar de imediato a comer normalmente. No primeiro dia é aconselhável tomar apenas algumas taças de um caldo leve; no dia seguinte, podeis tomar sopas com tostas e, finalmente, no terceiro dia podeis voltar a comer normalmente, mas comida leve e em quantidade moderada.
Após um jejum assim praticado, experimentareis sensações novas, subtis, tereis revelações e, sobretudo, sentir-vos-eis rejuvenescidos, libertos, como se os materiais que obstruíam o organismo tivessem desaparecido, como se as impurezas e os resíduos tivessem sido queimados. Há coisas muito interessantes a estudar a este respeito, mas a ignorância e o medo impedem os humanos de se regenerar pelo jejum tal como era hábito de muitos espiritualistas e místicos do passado."

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