sábado, 20 de março de 2021

 
"As livrarias desaparecem rápido, os seus vestígios no tempo são mais ténues do que as marcas das grandes bibliotecas. No seu imprescindível ensaio - e rota de viagens bibliófilas -, Jorge Carrión escreve que o diálogo entre as coleções privadas e as coleções públicas, entre a livraria e a biblioteca, é tão velho como a civilização; mas a balança histórica pende sempre para a segunda. Enquanto o bibliotecário acumula, guarda, no máximo empresta temporariamente a mercadoria, o livreiro adquire para se livrar do adquirido, compra e vende, põe em circulação. A sua área é o trânsito, a passagem. Se as bibliotecas estão atadas ao poder, aos governos municipais, aos estados e aos seus exércitos, as livrarias vibram com o nervo do presente, são líquidas, temporárias. E, acrescentaria eu, perigosas."


"Como escreve Jorge Carrión, aqueles que conceberam os maiores sistemas de controlo, repressão e execução do mundo contemporâneo, aqueles que demonstraram ser os mais eficientes censores de livros, eram também estudiosos da cultura, escritores, grandes leitores."


"Cada criador tenta ser rebelde à sua maneira - como todos os outros. Continuamos a ser fiéis a um conjunto de ideias românticas: a liberdade é o oxigénio dos verdadeiros artistas, e a literatura que nos importa é aquela que constrói mundos próprios, uma linguagem liberta de convencionalismos e formas inexploradas de narrar."




"O Infinito num Junco" de Irene Vallejo
Bertrand Editora
1ª edição, Outubro de 2020
Páginas 304, 305, 311 e 364

Sem comentários:

Enviar um comentário