no ventre das rãs.
Alfaiates fervem
as águas letárgicas.
Rescende a putrefacção.
Despenha-se,
flácida,
a última luz,
devorada
pela bocarra
negra
da terra,
de onde emana
um hálito
mórbido
e sulfuroso.
Além,
os campos agonizam.
Paralisadas
em pleno voo
pelo dardo álgido
do sol,
as aves planam
fusiformes.
Ominoso halo
do crepúsculo,
dança macabra
das traças,
inspirado jejum
da inacção.
Sabe-me a boca
a morte.
O júbilo azeda-me
o sangue.
Escuto ao longe
a tua missa:
o vento afia
as suas facas
nos meus ouvidos."
João Moita em "Que túmulo em que talhão"
Guerra e Paz Editores
1ª edição, Abril de 2022
Páginas 52 e 53
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