"Há muitas pessoas, disse ela, e Michael não pôde se não concordar com ela, pois ele próprio se sentia uma dessas pessoas, «que não podem viver no mundo nem fora dele. São uma espécie de pessoas doentes, cujo desejo que sentem de se aproximarem de Deus os torna cidadãos insatisfeitos com uma vida normal, mas cuja força ou temperamento não lhes permite desistirem completamente do mundo; e a sociedade actual, com o seu ritmo acelerado e a sua estrutura mecanicista e técnica, não oferece um lar a estas almas infelizes. O trabalho, tal como é encarado agora», alegou a abadessa com um realismo que na altura surpreendeu Michael, «raramente provoca satisfação à pessoa semicontemplativa."
Iris Murdoch em "O Sino"
Publicações Europa-América
Páginas 71 e 72
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