ou um véu a esconder
o rosto da lua? *
- Den Sutejo
* Na cena outonal que se descreve, a lua é comparada a uma jovem tímida, relutante em tirar o véu e mostrar-se aos outros.
Floresce a cerejeira
só para ensinar ao mundo
seu breve florir? *
- Den Sutejo
* A curta floração da cerejeira é sinónimo da brevidade da vida na terra
Batendo nas folhas
e quebrando-as em bocados -
aí vem o frio.
- Shiba Sonome
Perdida nos bosques -
apenas um som de folha
cai no meu chapéu.
- Tagami Kikusha
Búzios sobre a mesa
guardando em si melodias
do profundo mar.
- Takeshita Shizunojo
O sol redondo,
a lua esguia e, entre eles,
um papagaio de papel.
- Takeshita Shizunojo
Biblioteca em fim de dia -
os gnomos saem dos livros,
brincam na penumbra.
- Takeshita Shizunojo
Uma lua
e um lago gelado
reflectem-se um ao outro.
- Hashimoto Takako
Cigarras da tarde -
rostos que passam e cruzam
sem dizer palavra.
- Ishibashi Hideno
Dia de Primavera -
um vento que vem do mar
sem que o mar se veja.
- Katsura Nobuko
Como quem remenda
peúgas, remendo a mente
e prossigo a vida.
- Yoshino Yoshiko
Será deste mundo
ou dum mundo além? No mar
o brilho do poente.
- Tsuda Kiyoko
Eis a erva morta -
a vida a jazer dormente
no rosto da terra.
- Inahata Teiko
Este som das ondas -
desenhando-as, faço parte
da cena de Inverno.
- Kuroda Momoko
Com o som das ondas
chegando à ponta dos pés,
recosto-me na cadeira.
- Katayama Yumiko
Ondas no Inverno -
põem a gente à distância,
tal é seu azul.
- Mayuzumi Madoka
"O Japão no Feminino II - Haiku ( Séculos XVII a XX )" de Luísa Freire
Assírio & Alvim, Setembro 2007
Páginas 24, 26, 36, 53, 60, 61, 74, 83, 92, 96, 104, 108, 119, 131 e 140
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