"Obtida a liberdade de expressão, a preocupação primeira da ética da informação, precisamente como reacção ao liberalismo extremo, é a responsabilidade dos media. A responsabilidade no uso da liberdade de que dispõem. A informação possível é abundante e, evidentemente, uma das funções do informador é seleccioná-la e responder perante o público receptor dessa informação. Não pode haver outro critério da responsabilidade a não ser o da justiça: é boa, está bem seleccionada a informação que deve ser dada por uma questão de justiça. Dito de outra maneira, não aquela que vale porque satisfaz interesses comerciais - porque vende, permite aumentar a tiragem do jornal, subir a audiência televisiva -, mas a que serve o interesse comum da sociedade.
(...)
Se é certo, como penso, que a informação dos meios de comunicação sensibiliza e cria atitudes e opiniões, polarizar os interesses no interesse comum é apenas tratar de sensibilizar toda a sociedade em relação a determinados temas e situações que, ainda que de facto não nos afectem, deveriam afectar-nos e mobilizar-nos.
(...)
A boa informação deveria formar as pessoas, deveria ter um fim educativo consciente, já que toda a informação, em qualquer dos casos, tenha ou não essa intenção, influi nos seus receptores. Não se pode duvidar, de modo nenhum, do facto dos meios de comunicação serem um dos meios educadores do nosso tempo."
"Paradoxos do Individualismo" de Victoria Camps
Relógio D' Água, 1996
Páginas 152 e 153
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