" ... se a monogamia representa um estado bastante peculiar e artificial, por que razão terá vingado ... se não mesmo na prática, pelo menos em termos de doutrina oficial? Uma das respostas mais simples atribui o sucesso da monogamia ao facto de que constitui o sistema marital dos países ocidentais, cujo poder militar, económico e cultural lhes permitiu impor essa preferência ao resto do mundo. A verdade, porém, é que esta resposta ilude a questão fundamental: por que razão é aprovada a monogamia - na teoria, se bem que não na prática - nestes países ocidentais?
Até certo ponto, a monogamia poderá ser um exemplo pouco conhecido do triunfo da democracia e da «igualdade de oportunidades», pelo menos para os homens. A poliginia, como já afirmámos, é uma condição do elitismo, no qual um número relativamente reduzido de homens afortunados, implacáveis ou especialmente qualificados conseguem monopolizar mais do que uma mulher. Em contrapartida, a monogamia não permite a ninguém mais do que uma só parceira legal, nem mesmo ao mais poderoso e abastado dos homens; em contrapartida, todos têm a possibilidade de encontrar uma esposa, mesmo os mais pobres. Assim, embora implique um certo grau de repressão da nossa tendência para a diversidade de parceiros sexuais, a monogamia oferece em troca maiores probabilidades de que todos encontrem um parceiro."
"O Mito da Monogamia" de David P. Barash
Sinais de Fogo Publicações
1ª edição, Abril de 2002
Páginas 246 e 247
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