as suas ondas batem-me, magoam-me,
deixam-me um gosto a sal sob a língua,
emaranham os meus cabelos e afogam-me.
E, quando chego ao fundo, repugnam-me
os seres que o habitam e o sujam,
seres escorregadios e viscosos,
sem pálpebras e sem extremidades,
sem linguagem, lágrimas ou ruído.
Às vezes tenho sonhos como mares
e, quando desperto enfim de um deles,
sei que me salvei de mais um naufrágio."
"Conta-mo Outra Vez" de Amalia Bautista
Averno, Março de 2020
Página 67
Sem comentários:
Enviar um comentário