quando pude enfim fechar os meus olhos
e esquecer-me de ti, das tuas argúcias,
da tua teima, da tua malícia,
da tua capacidade para me anulares.
Pensava que te tinha dito adeus
de todo e para sempre, mas acordo
e encontro-te de novo junto a mim,
dentro de mim, abarcando-me, ao meu lado,
invadindo-me, afogando-me, em frente
dos meus olhos, perante a minha vida,
sob a minha sombra, nas minhas entranhas,
em cada latejo do meu sangue, entrando
pelo meu nariz ao respirar e vendo
pelas minhas pupilas, lançando fogo
nas palavras que a minha boca diz.
E agora, que faço eu?, como poderia
afastar-te de mim ou habituar-me
a conviver contigo? Começaremos
por mostrar as nossas boas maneiras.
Bom dia, tristeza."
"Conta-mo Outra Vez" de Amalia Bautista
Averno, Março de 2020
Página 81
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