quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

A Árvore de Natal

 
"Durante o Natal, a maioria das casas possui uma árvore decorada com cores brilhantes, quer seja verdadeira quer seja artificial. Mas quantos de nós fazemos a mínima ideia do seu significado?
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A Árvore de Natal é decorada com cores brilhantes, para incentivar o regresso do Sol, no Solstício de Inverno - pois o Natal é a antiga festa pagã do Yule, quando o Deus mais uma vez nascia da Deusa.
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A Árvore de Natal foi introduzida na Grã-Bretanha pelo Príncipe Alberto, marido da Rainha Vitória, e tem como origem as celebrações germânicas originalmente pagãs da festa de Yule. A Árvore de Natal evoluiu, com toda a probabilidade, do hábito dos druidas de, durante a festa de Yule, decorar pequenos bosques de pinheiros com luzes e objectos brilhantes. Assim, a luz do Divino é representada por uma árvore a brilhar.
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O conceito da Árvore de Natal pode ter evoluído de uma tradição muito anterior de «árvores da Lua», onde uma árvore ou um pilar com uma Lua crescente no topo era coberta de frutos e de luzes, em celebração da deusa dos céus. No pino do Inverno, quando os ramos estão desnudados e o luar cintila nos topos gelados das árvores, somos relembrados da vida que persiste quando tudo está árido - a luz interior da alma.
Nos nossos tempos é muito mais ecológico utilizar uma pequena árvore viva que podemos mais tarde plantar no jardim, decorar um galho caído ou usarmos uma árvore artificial, pois o simbolismo permanece o mesmo."
 
 
Teresa Moorey  em "A Sabedoria das Árvores"

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

" ... a inteligência, no entanto, tem pouco que ver com a poesia. A poesia brota de algo mais profundo; é anterior à inteligência. Talvez nem sequer esteja ligada à sabedoria. É algo em si mesma; tem a sua própria natureza. Indefinível."
 
Jorge Luis Borges

domingo, 18 de janeiro de 2015

Entrevista a William Faulkner (1897-1962)

 
"Como é que um escritor se torna um romancista sério?
Noventa e nove por cento de talento ... noventa e nove por cento de disciplina ...  noventa e nove por cento de trabalho. Nunca nos podemos dar por satisfeitos com aquilo que fazemos. Nunca nada é tão bom como aquilo de que somos capazes. É preciso sonhar e apontar sempre para mais alto do que aquilo que sabemos poder fazer. Não nos devemos preocupar a tentar ser melhores do que os nossos contemporâneos ou os nossos antecessores. Temos de tentar ser melhores do que nós próprios. Um artista é uma criatura conduzida por demónios. Não sabe porque é escolhida por eles e em geral está demasiado ocupada para se preocupar com isso. É completamente amoral, no sentido em que assalta, pede emprestado, mendiga ou rouba, seja quem for, para conseguir fazer o seu trabalho.
 
 
Então qual será o melhor ambiente para um escritor?
A arte também não se preocupa com o ambiente circundante; não lhe interessa onde está. Se está a referir-se a mim, o melhor emprego que já me ofereceram foi o de gerente de um bordel. Na minha opinião é o ambiente perfeito para um artista poder trabalhar. Dá-lhe a liberdade económica ideal; liberta-o do medo e da fome; ele tem um tecto sobre a cabeça e nada para fazer excepto manter em dia uma contabilidade simples e ir uma vez por mês fazer o pagamento à polícia. O lugar é tranquilo durante a manhã, que é o melhor momento do dia para trabalhar. Há bastante vida social ao fim do dia, se ele quiser participar nela, o que lhe permite não se aborrecer; dá-lhe um certo estatuto social; ele não tem nada para fazer porque a madame trata da escrita da casa; todos os habitantes da casa são mulheres e tratam-no com deferência, chamando-lhe «senhor». Todos os contrabandistas do bairro lhe chamam «senhor». E ele pode tratar os polícias pelo nome próprio.
Portanto, o único ambiente de que o artista precisa é um ambiente com tanta paz, tanto isolamento e tanto prazer quanto o que lhe for possível encontrar a um preço não demasiado alto. Aquilo que um ambiente errado lhe provocará é um aumento da tensão arterial; fá-lo-á perder mais tempo com frustrações e irritações. Por experiência própria percebi que aquilo de que preciso para o meu ofício é papel, tabaco, comida e um pouco de uísque."
 
 
Conversa com Jean Stein (1956)
"Entrevistas da Paris Review" - Selecção e Tradução de Carlos Vaz Marques


sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

"Shambhala - A misteriosa civilização tibetana"

"Qual é o segredo desta comunidade de cultura cósmica?
Bondade, respeito mútuo, um modo de vida razoável, planeamento cuidadoso, disciplina hierarquizada, abnegação e aspiração comuns em colaborar com a Mãe Natureza. Esta irmandade de eruditos interessa-se pela ciência, pela filosofia, pela religião, pela arte e pela música, e trabalha, no sentido mais largo, para o aperfeiçoamento cultural. Não é um paraíso de indolência, nem um sonolento Shangri-La. É um centro vital da humanidade que, no decorrer dos séculos, combatem a ignorância com coragem, sacrificando muitos dos seus membros mais nobres. Nunca foi escrita a autêntica história destes mártires da Verdade.
Num grupo que se funda na cooperação, na disciplina, no amor fraternal e num idealismo filosófico, se algumas divergências de opinião podem existir, não pode haver dissensões, porque Shambhala é sinónimo de harmonia."
 
Andrew Tomas  em "Shambhala - A misteriosa civilização tibetana"

Fred Hüning








 

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Kalachakra, Ciência dos Bodhisattvas

"O ensino desta ciência hermética tem início ao mesmo tempo que a astronomia, a astrologia e o sânscrito. Para que se preserve o simbolismo, voluntariamente obscuro, da exposição escrita do sistema, cuja chave só pode ser dada por um Adepto, as verdadeiras lições de Kalachakra nunca foram tornadas públicas nem transcritas numa língua ocidental, mesmo sob forma criptográfica.
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Todo este assunto do sistema kalachakriano está intimamente ligado ao problema do Reino de Shambhala, a região mística donde esse sistema foi transmitido à Índia, na segunda metade do século X, e ao problema da origem do ciclo sexagesimal tibetano.
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Na literatura sagrada do Tibete, abundam as narrativas sobre a origem da Kalachakra. Todas as versões estão de acordo ao dizer que a doutrina, foi, em primeiro lugar, ensinada por Buda, depois da sua iluminação no grande stupa de Sri-Dhanyakataka, na província de Madrasta. Nessa época, Suchandra, rei de Shambhala, apareceu subitamente, escoltado por uma multidão de seres divinos.
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Somanatha, um brâmane de Caxemira, introduziu a Kalachakra no Tibete no ano de 1026. Atribuem-lhe igualmente a difusão do sistema cronológico sexagesimal de doze animais e cinco elementos.
O facto de os ciclos sino-tibetanos de doze anos se fundarem cientificamente na revolução do planeta Júpiter em redor do Sol, que dura onze anos e trezentos e treze dias, apresenta um interesse especial. É profundamente significativo que o calendário tibetano comece o ano exactamente quando a Kalachakra foi introduzida no país (1026), o que marcou o princípio da chamada era de Rabjyong. Assim, por exemplo, o ano de 1975 corresponde ao ano 949 da cronologia do Tibete, o que sublinha a extraordinária importância da Kalachakra na cultura tibetana.
O décimo livro dos Anais Azuis, escrito por Gos Lotsaba Gzonnu dpal, entre 1476 e 1478, é inteiramente consagrado à propagação da Kalachakra no Tibete. Enquanto a própria doutrina é muito pouco conhecida, devido ao seu carácter esotérico, os trabalhos históricos, como os Anais Azuis, dão um resumo da composição dos princípios da Kalachakra.
O livro primeiro expõe àqueles que aspiram a ser budistas os elevados objectivos a atingir:

«Eu saúdo o que deve ser intuitivo, transcendental, inconcebível, o que é fonte de alegria para os homens sábios, para responder no meio de uma assembleia resplandecente, serena, manifestada a alguns pela roda da Doutrina da Iluminação Suprema, compreendida pelos iogas dotados da mais elevada serenidade, difícil de perceber, árdua de procurar, omnipotente e sem causas.»
 
O décimo livro dos Anais Azuis dá as seguintes instruções do mestre da Kalachakra ao discípulo: «Agora, tens de adoptar a mesma atitude que eu e ter o espírito livre de qualquer pensamento.» O antigo texto menciona duas fases de meditação: clareza e firmeza. Fala de correspondência entre o Sol, a Lua, as estrelas e os centros nervosos do corpo humano ou chakras. Um outro parágrafo diz que «a sabedoria é concedida àquele que é capaz de controlar a sua respiração» e faz alusão à «casa de Kundala, animada pelo Calor Interno» ou ao Rundalini, à base da espinha dorsal.
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Não se devem identificar todos os actos mágicos com o sistema da Kalachakra, mas unicamente os fenómenos que sugerem a elevada espiritualidade do seu autor, ao usar uma força universal desconhecida do homem: o poder inteligente encerrado no centro do átomo, que os Adeptos só dominam através da sua unidade com a Mãe-Natureza. É esse o segredo da Kalachakra."
 
Andrew Tomas  em "Shambhala - A misteriosa civilização tibetana"

domingo, 4 de janeiro de 2015

Balanço Literário de 2014

 
2014 ... 48 livros lidos num total de 9897 páginas lidas!
 
Curiosidade: média de 206 páginas por livro!
 
 
 E os 10 livros que mais gostei de ler em 2014 foram:
 
  • "Antologia Mar" de Sophia de Mello Breyner Andresen
  • "A volta ao Dia em 80 Mundos" de Julio Cortázar
  • "As vinhas da ira" de John Steinbeck
  • "Correspondência Amorosa" de Rainer Maria Rilke & Lou Andreas-Salomé
  • "Fome" de Knut Hamsun
  • "Heliogabalo ou O Anarquista Coroado" de Antonin Artaud
  • "O Nadador" de Joakim Zander
  • "O Quarto Azul" de Georges Simenon
  • "Os Tempos Hipermodernos" de Gilles Lipovetsky & Sébastien Charles
  • "Ter e não ter" de Ernest Hemingway

Balanço Cinematográfico de 2014

Cinema ... o que mais gostei de ver em 2014:
  • "Ciúme" de Philippe Garrel
  • "Magia ao Luar" de Woody Allen
  • "Night Moves" de Kelly Reichardt
  • "Violette" de Martin Provost
 
 
 
Cinema@home ... o que mais gostei de (re)ver em 2014:
 
 "Amor" de Michael Hanek
"A Grande Beleza" de Paolo Sorrentino
"Fome" de Steve McQueen
"O Passado" de Asghar Farhadi