sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Que a Música

"Que a música traga a paz que os poetas desconhecem
Que traga com ela uma ponta de estrela
Uma partícula de uma constelação longínqua
Que a música me embale, me estique os lençóis
Me diga boa noite. E amanhã ...
Traga a força ensolarada deste Outubro em chamas
E o sol, o sol penetre as janelas da alma
Que a música traga o som da harpa
Nas mãos de uma criança curiosa
Traga com ela uma guitarra, na voz cansada da minha mãe
Que cante um fado
Embale, traga de volta a esperança
De ser criança.
 
Que a música traga a força, e livremente
Me sacuda ao alto ...
Ao cair feito em pedaços no frio asfalto
O meu corpo cansado sucumbirá
Percorrendo um clave que abrirá
O fosso da alma onde pernoito
Por fim ... um novo poema renascerá!"
 
Antónia Ruivo

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Dan May

"The Offering"

"The Night Watch"

"The owls are not what they seem"

"The Reunion"

"Gentle creatures"

"Where time beckons the wicked"

"The other side of the blue"

"Somnium"
 

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

 
"Pedalar durante centenas de quilómetros através de uma floresta densa de pinheiros pode tornar-se algo monótono e pode afectar-nos a cabeça. Falo por experiência própria. Eu entoava cantos às árvores, experimentando os vários tons:
 
Ó, árvores, árvores e mais árvores, tra-la-la,
E mais árvores, altas árvores, as mesmas árvores, tra-la-la.
 
Depois, para me distrair ainda mais, praticava andar de bicicleta «sem mãos», depois, «mãos, com um pé no pedal», depois, «um pé no pedal, sem mãos». Depois escolhia uma árvore (uma das árvores verdes, das árvores altas, das mesmas árvores, tra-la-la) na estrada vazia e fazia uma corrida até à árvore, com as pernas a latejar, o coração a bater forte, como se não existisse o amanhã. Depois, saboreava a repentina onda de energia que a bicicleta fornecia e praticava andar de bicicleta livremente enquanto oscilava na barra transversal num estilo acrobático perigosamente difícil. Depois, adaptei um suporte para livros no guiador e ficava tão absorvida pelos pequenos contos de Somerset Maugham que por pouco não fiquei feita em papas por debaixo de um camião com dezoito rodas cheio de madeira. De quando em quando, a minha monotonia era aliviada pelo aparecimento de um alce ou de uma lebre que saltava apressadamente.
As pessoas perguntam-me se me aborreço quando viajo de bicicleta sozinha. Bem, como podem ver, não há tempo para isso.
 
Houve uma altura em que cheguei à ponte de Öland, que, com quase sete quilómetros, era a ponte mais longa da Europa. Após o tédio das árvores, o entusiasmo daquela descoberta foi quase demasiada emoção para mim, e gostei tanto de ser atingida e fustigada pelo vento lateral tumultuoso e salgado que voltei para trás e percorri a ponte novamente. Como disse antes, uma overdose de árvores pode afectar a mente."
 
Josie Dew em "Pelo Mundo em Bicicleta"

domingo, 26 de janeiro de 2014

Já Fui Muitas Vidas

"Já fui muitas vidas
muitos tempos
outros lugares
outros momentos.
 
Já sofri agonias
e lamentos.
 
Já fui sorrisos e abraços
e outros espaços de gostar.
 
Já dancei ao sol
à chuva e ao vento.
 
Já percorri outros mares
outros tormentos.
 
Já fui ave, já fui rio
já fui nuvem e luar
já fui princípio e já fui fim
sempre à procura de mim
e do meu lugar."
 
Alda Carvalho em "Sopros de Alma"

sábado, 25 de janeiro de 2014

Clifford

" ... a música de Clifford cinge algo que se escapa quase sempre no jazz, que se escapa quase sempre naquilo que escrevemos ou pintamos ou amamos. De repente, algures a meio, sente-se que esse trompete que procura com um averiguar infalível a única forma de superar o limite é menos solilóquio do que contacto.
(...)
Quando quero saber o que experimenta o xamã no ponto mais alto da árvore da passagem, face a face com a noite fora do tempo, escuto uma vez mais o testamento de Clifford Brown como um golpe de asa que rasga o contínuo, que inventa uma ilha de absoluto no meio da desordem."
 
Julio Cortázar em "Clifford"

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

"Heliogabalo ou O Anarquista Coroado" de Antonin Artaud

 
" ... Heliogábalo, nome que parece ser a feliz contracção gramatical das mais altas denominações do sol."

"Repetir o Poema" de Isabel de Sá


"Só o lume dos teus beijos rompe
a treva onde a solidão nos mata.
Enrolamos a vida no escuro,
na semente de um amor atribulado.

Conhecemos o ritmo e a sede,
a convulsão do desamparo.
No sentido do corpo, no acerto
desce a força pelos braços
na violenta festa do prazer.

Tudo o que disseste
no desaforo da paixão
só podia incendiar a vida inteira
e encher de esperança o universo."

Isabel de Sá em "Repetir o Poema"

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

O Mestre

"Nasceu em Lisboa e de tuberculose
morreu na flor da idade. Teve uma vida
sem nada de interesse para narrar,
amava a Natureza
e escreveu versos. Ignorante
do ofício, dir-se-ia um analfabeto
dado aos sentidos, sabiamente.
Outro identificou-o melhor
que ninguém:
«Com quem mais se parece é com Whitman.»
Existiu, foi feliz e de vez em quando
infeliz. Escolheu o verso livre
ou aconteceu-lhe?
Era moderno sem se incomodar, viveu
num mundo cristão, opressor,
mas era pagão e sentia-se bem."

Isabel de Sá em "Erosão de Sentimentos"

terça-feira, 21 de janeiro de 2014


"Os princípios só valem para o espírito que pensa, e quando pensa; fora do espírito que pensa, um princípio reduz-se a nada.
Não se pode pensar o fogo, a água, o céu, reconhecemo-los e nomeamo-los porque existem; e sob a água, o fogo, a terra ou o céu, sob o mercúrio, o enxofre ou o sal, há matérias ainda mais subtis, que o espírito não pode nomear porque não aprendeu a conhecê-las, mas que algo mais subtil do que o espírito, mais profundo que tudo o que nos está na cabeça, pressente, e poderá reconhecer quando aprender a nomear. Pois, se os princípios valem para o espírito, as coisas valem para as coisas; e não há paragem na subtileza das coisas, como não há obstáculo na subtileza do espírito."

Antonin Artaud em "Heliogábalo ou O Anarquista Coroado"

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

 
"Para mim, viajar baseava-se em três coisas: horários, planos e ideias, mas é o último elemento que é o mais essencial para desfrutar da viagem. Os horários envolvem declarações como: «Temos que partir já para apanharmos o autocarro» ou «Temos exactamente duas horas para visitar esta cidade» ou «Não temos tempo para ficar contigo, o nosso voo parte amanhã». Não sei lidar com horários. São bons para umas férias planeadas, para uma viagem de autocarro, mas, se querem mesmo ver um país e visitar as pessoas e os locais como desejam, esqueçam os horários. Eles impõem pressão e anda-se sempre apressado.
Os planos são úteis mas voam facilmente pela janela. A flexibilidade é a principal regra. Se os planos puderem ser contornados e adaptados e modificados ao último minuto, sem levar a quaisquer confusões ou problemas maiores, então é muito melhor.
As ideias são a melhor ideia. Partimos para algum sítio com uma ideia de que queremos ver isto ou aquilo ou ir aqui ou ali, mas não fazemos absolutamente nenhuma ideia do que irá acontecer no entretanto ou quando chegarmos lá. De facto, podemos até nem chegar lá porque, à medida que viajamos, podemos ficar com a ideia de que não queremos ver o sítio que tínhamos pensado no início já que ficamos com a ideia de que preferíamos ir para outro sítio que, antes de sairmos de casa, nem sequer fazíamos ideia de que existia.
A ideia mais simpática de todas é ficar livre de horários e de planos rígidos. Quando nos aventuramos em direcção ao desconhecido, é melhor adaptarmo-nos, sermos flexíveis e deixarmo-nos levar pelos nossos desejos."
 
Josie Dew em "Pelo Mundo em Bicicleta"

domingo, 19 de janeiro de 2014


Do tímido regresso à quase regularidade nos treinos :)

18.01.2014 (Sábado) ... Corrida (53': 25' corrida lenta + 6x1' rec 2' + 10' rc ... média de 166 bpms e 482 kcals gastas) + Indoor Cycling (45': média de 160 bpms com picos de 182 e 430 kcals gastas).
 
15.01.2014 (Quarta-feira) ... Indoor Cycling (45': média de 167 bpms com picos de 188 e 474 kcals gastas).
 
14.01.2014 (Terça-feira) ... Corrida (45': média de 165 bpms com picos de 180 e 460 kcals gastas) + Body Pump (50').
 
13.01.2014 (Segunda-feira) ... Indoor Cycling (43': média de 169 bpms com picos de 190 e 462 kcals gastas).

Da Revolução de Sabores na Cozinha


Cicatriz

"Na turbulência do poema há uma constelação de sentimentos, a corrente principal onde tu e eu existimos. Poderíamos dizer da nossa experiência que ela se dissociou do exterior, mas nada garante a traição das palavras.
Por vezes, a página é uma cicatriz na qual a caneta abre nova ferida. As imagens ressurgem e na claridade das palavras o mundo organiza-se."

Isabel de Sá em "O Duplo Dividido"

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

"A pequena cidade de Apameia sob Emesa ergue-se ao pé do Anti-Líbano numa paisagem de lava extinta e de poeira de ossos. O seu pequeno templo de sol-lua tem um oráculo hidromântico que nunca se engana (...) todo pavimentado a pedras de lua.
(...)
Quando entramos no templo vemos à esquerda um trono dedicado ao Sol, mas a imagem deste deus não está ali, o Sol e a Lua são as únicas divindades de que não mostram imagens, dizendo que é inútil fazer estátuas de divindades que todos os dias se mostram no céu."
 
Antonin Artaud em "Heliogábalo ou O Anarquista Coroado"

Petros Koublis

"Vendaval"

"Fuga"

"Mejilla"

"Decembering"

"Kyma"

"Incleh"

"Hyetal"

"Somnolent"
 

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014


"Há em toda a poesia uma contradição essencial. A poesia é multiplicidade triturada e incendiada. E a poesia que estabelece a ordem, suscita primeiro a desordem, a desordem dos aspectos incendiados; provoca o choque dos aspectos que leva a um ponto único: fogo, gesto, sangue, grito.
Trazer a poesia e a ordem a um mundo cuja simples existência já é um desafio à ordem, é levar à guerra e à permanência da guerra, é fundar um estado de crueldade incidida, é suscitar uma anarquia sem nome, a anarquia das coisas e dos aspectos que acordam antes de soçobrarem de novo e se fundirem na unidade. Mas aquele que acorda esta anarquia perigosa é sempre a sua primeira vítima."
 
Antonin Artaud em "Heliogábalo ou O Anarquista Coroado"

Mister Finch

"Tea Making Spider"

"Fabric Mushroom"

"Embroidered Moths"

"Moths with Crystal Ball"

"Pieces for Anthropologie"

"Soft Sculpture Snails"

"Large Cotton Textile Moon"
 
E se de uma cortina de veludo de um antigo hotel nascesse uma coruja? Ou um caracol? Ou até a Lua?
Inspirado na natureza e no folclore britânico assim o faz o artista inglês Mister Finch!
Descubram aqui como! :)
"Pequeníssimos faunos dançam no fogo raparigas enlaçam-se ao rigor da lua. Serpentes procuram a terra.
Minha vida ocupada de outros seres."
 
Isabel de Sá em "Bonecas Trapos Suspensos"

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

"Decerto que não sou pelo dualismo Espírito-Matéria; mas entre a tese que dá tudo ao espírito e a que dá tudo à matéria, digo que não há conciliação possível enquanto estivermos num mundo onde o espírito só pode ser alguma coisa quando consente em materializar-se.
A matéria só existe pelo espírito, e o espírito só existe na matéria. Mas no fim de contas é o espírito que tem a supremacia."
 
Antonin Artaud em "Heliogábalo"

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Zaria Forman















 
Fantástico o trabalho de Zaria Forman!
Recorrendo ao pastel, esta artista documenta através dos desenhos as diversas mudanças nas paisagens do nosso planeta bem como as alterações climáticas!
Arte como forma de sensibilização!