sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

"Seja qual for o meio pelo qual o homem ocidental procure aceder à compreensão da vida espiritual do Oriente, confrontar-se-á sempre com grandes dificuldades. Quase sempre corre o perigo de querer penetrar intelectualmente naquilo que está para lá de toda a razão, no que é directamente transmitido ao oriental e que este vivencia como realidade inquestionável. A dificuldade de chegar a um entendimento profundo é ainda agravada pelo facto de o oriental raramente sentir o desejo de explicar a sua vivência ao nível intelectual. Consequentemente, abre-se uma profunda distância entre aquilo que ele diz em palavras e aquilo que ele realmente quer dizer com elas. Muitas vezes ele tem de se contentar com meras alusões e imagens, se não quiser refugiar-se nos paradoxos. Encontrar o fio condutor e não tomar a compreensão do que o professor diz pela compreensão da coisa em si exige do ocidental muita paciência intuitiva e reiteradas tentativas de pressentir e vivenciar de alguma maneira aquilo que está em causa. Embora no arranjo floral se diga muita coisa, e se deixe entrever algo, por detrás de tudo o que é visivelmente representável e vivenciável por todo o ser humano existe o mistério e o fundamento primordial do ser mais profundo."

Gusty L. Herrigel  em "ZEN e a Arte do Caminho das Flores"

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