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quinta-feira, 15 de abril de 2021

 
"O homem vulgar, aquele a quem chamamos o ser humano comum, vive momentos de poesia em cada dia da sua vida; o que acontece é que não se dá conta disso, porque se em alguma ocasião improvável se detém a pensar na poesia é para a considerar pouco menos do que uma absurda piroseira para efeminados, débeis mentais e gentes ociosas incapazes de viver. 
(...)
O que faz falta é uma poesia relevante. Uma poesia intimamente relacionada com a vida real de cada ser humano; uma poesia que "crie dependência"; uma poesia tão necessária como um cigarro, o primeiro café, o jornal de cada manhã. As pessoas não querem paternalismo, nem divagações mentais, nem exibicionismo barato; querem ver a sua própria vida reflectida no que lêem. Se se lhes oferecesse uma poesia que cumprisse esse simples requisito, não só conseguiríamos que se formassem filas diante das livrarias como também algo mais, algo que tantos escritores afirmam desejar: a "humanização" dos nossos semelhantes através da literatura."




Roger Wolfe [Inglaterra/Espanha, 1962-...]
em "O Universo Está Pintado À Mão - Uma Antologia Fanática" de Luís Filipe Parrado
Língua Morta, Junho de 2020
Páginas 156 e 157

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

"O poema surge do interior do poeta, da sua própria vida, e ainda assim deve falar daqueles subtilíssimos sentimentos que não lhe pertencem a ele apenas, pois nesse caso seria um mau poema, na exacta medida em que não poderia interessar a ninguém mais do que a si mesmo. Os poemas devem construir-se a partir de algo que, constituindo parte da vida do poeta, pertença igualmente à dos demais. Este foi o meu propósito: que aquele ou aquela que leia o que escrevo possa de algum modo reconhecer-se nisso que lê. Que sinta a força que nos faz reconhecer que este - ou esta - sou eu, esse reconhecimento que travamos quando lemos um bom poema."
 
Joan Margarit em "Misteriosamente Feliz"