segunda-feira, 17 de abril de 2017

A Bordo, No Mar Alto

"A bordo, no mar alto,
Com todo o infinito azul à volta,
Com os sibilantes ventos e a música das ondas, as grandes, imperiosas
ondas,
Ou com algum solitário barco flutuando na densidade marinha,
Onde jubiloso e cheio de fé iça as velas brancas,
Abrindo caminho entre o fulgor e a espuma do dia, ou debaixo de inúmeras
estrelas pela noite,
Talvez por muitos jovens ou velhos marinheiros que recordam a terra
serei lido,
Finalmente em total comunhão.
 
Eis os nossos pensamentos, pensamentos de viajantes.
Eis não só a terra, a terra firme, poderão então dizer,
Eis o céu e as suas cúpulas, e sob os nossos pés o convés balançando,
Sentimos o longo pulsar, o fluxo e o refluxo de um eterno movimento,
Os tons de um mistério invisível, as vagas e vastas sugestões do salobre mundo,
as líquidas e fluidas sílabas,
O cheiro, o débil rangido do cordame, o ritmo melancólico,
A infinita paisagem e o horizonte difuso e distante aqui estão,
E este é o poema do oceano."

Walt Whitman  em "Folhas de Erva"

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