domingo, 16 de outubro de 2022

"A Montanha Viva" de Nan Shepherd (II)

 
"Ela vai para a montanha em busca não dos grandes espaços abertos, mas sim de «dentros» profundos, de profundos «recessos». A grande quantidade de paisagens escondidas é algo que a fascina: as «cavidades subterrâneas» das Ardenas, as «reentrâncias» e os «impressionantes abismos» das Cairngorms.
(...)
Esta preocupação com o «interior» da montanha não é uma presunção; pelo contrário, essa preocupação engendra as tentativas do livro de forma a alcançar aquilo a que ela chama um «acesso à interioridade». Para Shepherd, havia um tráfego contínuo entre as paisagens exteriores do mundo e as paisagens interiores do espírito. Ela sabia que a topografia há muito que oferecia aos humanos poderosas alegorias, perspicazes formas de nos representarmos a nós próprios para nós próprios, fortes meios de moldar memórias e de dar forma ao pensamento. É assim que o seu livro investiga as relações entre a montanha material e a «montanha» metafórica."



Nan Shepherd  em "A Montanha Viva"
Edições 70, Abril de 2022
Página 23

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