quarta-feira, 10 de julho de 2013

Alimentar-se, um acto que diz respeito à totalidade do ser

" ... os humanos não compreenderam ainda a importância espiritual do acto de comer, não sabem comer. Observai como eles se comportam durante as refeições: absorvem os alimentos de uma forma mecânica, inconsciente, engolem sem mastigar, fomentam na sua cabeça e no seu coração pensamentos e sentimentos caóticos, e muitas vezes até discutem enquanto comem. Deste modo, perturbam o funcionamento do organismo, pois nenhum processo pode continuar a desenrolar-se correctamente: nem a digestão, nem as secrecções, nem a eliminação das toxinas.
Há milhares de pessoas que adoecem sem saber que os seus males provêm da maneira como se alimentam. Basta ver o que se passa nos lares: antes da refeição, ninguém tem nada a dizer a ninguém, estão todos ocupados, cada um no seu canto, a ler, a ouvir rádio, ou a fazer uns biscates ... Mas quando chega a hora de ir para a mesa, todos têm histórias para contar ou, até, contas a ajustar, e falam, discutem, descompõem-se. Depois de uma refeição destas, as pessoas sentem necessidade de repousar, ou até de dormir, pois sentem-se sonolentas, pesadas, e as que têm de ir trabalhar, fazem-no sem gosto nem entusiasmo. Ao passo que aquelas que souberam comer correctamente, sentir-se-ão lúcidas e bem dispostas.
Dir-me-eis: «Mas então, como é que se deve comer? ...» Vou falar-vos da maneira como um Iniciado concebe a alimentação. Como a questão consiste em pôr-se nas melhores condições para receber os elementos preparados nos laboratórios da Natureza, um Iniciado começa por se recolher, e, sobretudo, não se envolve em conversas, come em silêncio.
Não se deve considerar o silêncio durante as refeições unicamente como um hábito de convento; um sábio, um Iniciado, come em silêncio. E quando leva à boca a primeira garfada, mastiga-a conscientemente, durante o máximo de tempo possível, até que ela desapareça na sua boca sem que seja sequer necessário engoli-la. Sim, porque o estado em que se come a primeira garfada é extremamente importante. Devemos, pois, preparar-nos para fazê-lo nas melhores disposições possíveis, porque é esta primeira garfada que desencadeia interiormente todos os mecanismos.
(...)
Deve-se comer lentamente e mastigar bem, não só porque isso favorece a digestão, é claro, mas também por uma outra razão: porque a boca, que é a primeira a receber o alimento, é o laboratório mais importante, pois é o mais espiritual. A boca desempenha, num plano mais subtil, o papel de um verdadeiro estômago; ela absorve as partículas etéricas dos alimentos, as energias mais subtis e mais poderosas, sendo depois enviados para o estômago os materiais grosseiros.
(...)
Quando tiverdes acabado de comer, não devereis levantar-vos da mesa imediatamente para encetar trabalhos ou entabular discussões. Mas também não é bom que vos instaleis num sofá ou num canapé. Se vos deitardes, pensando que ireis repousar, na realidade não descansareis nada, ficareis moles e o vosso organismo tornar-se-á preguiçoso. Quando tiverdes acabado de comer, ficai tranquilos durante uns momentos, fazendo algumas respirações profundas que permitirão uma melhor distribuição das energias por todo o organismo; sentir-vos-eis então extremamente bem dispostos para empreender todo o tipo de trabalhos.
Não basta começar bem a refeição, há que terminá-la também da melhor maneira, para deste modo dar um bom começo aos diferentes trabalhos que vos esperam. Nunca deveis esquecer que cada actividade tem o seu começo e que esse começo é o momento essencial."

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