quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Uma vez quiseram-me louca, a arder

"Uma vez quiseram-me louca, a arder
e eu ardi com a discrição de
um fogo posto
porque a cura vai na mesma direcção
que a nossa febre
 
Ateei-me como um relâmpago inesperado
à luz do dia
Eu parecia uma basílica em chamas
de altar por estrear, a arder sozinha
 
Sempre me recusei a arder como os outros
 
Ardam-se mais à esquerda ou mais à direita
mais a vento de sul ou de norte,
mas labaredem-se, sejam fogos que ardem!
 
Porque pior que a desdita loucura
é toda a gente andar em brasa
mas ninguém chegar a incêndio
 
E no fim são todos cinza."

Cláudia R. Sampaio  em "Ver no Escuro"

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